Estudantes do Colégio Militar Tiradentes V, em Timon, cidade maranhense na fronteira com o Piauí, desenvolveram uma solução tecnológica de baixo custo para ajudar no combate ao Aedes aegypti, e o projeto, que nasceu como uma iniciativa escolar, acaba de ser premiado durante a etapa nacional da Olimpíada e da Feira GLOBE Brasil, realizada no Rio Grande do Norte, nesta primeira semana de dezembro.
A ideia surgiu a partir de uma parceria com a Unidade de Vigilância de Zoonoses do município, que apresentou dados preocupantes sobre o avanço da dengue, zika e chikungunya na região e mostrou aos estudantes um modelo norte-americano de armadilha utilizada em pesquisas internacionais. Embora eficiente, o dispositivo estrangeiro era economicamente inviável, já que seu alto custo, cotado em dólares, dificultava sua aplicação em larga escala.
Diante do desafio, os alunos decidiram desenvolver uma alternativa local, acessível e replicável. Utilizando conhecimentos de robótica adquiridos em sala de aula com a coordenação do professor Cleiton James, construíram o protótipo de uma armadilha inteligente equipada com Arduino, capaz de monitorar automaticamente a presença do mosquito e auxiliar no controle populacional do vetor. A tecnologia combina engenharia simples, sensores eletrônicos e materiais de baixo custo, o que permite que a armadilha seja produzida pela própria comunidade, por escolas ou por unidades de saúde.
O dispositivo opera com os mesmos princípios da referência importada, mas acrescenta componentes eletrônicos que registram dados, avaliam a eficácia da captura e permitem ajustes de funcionamento conforme as condições ambientais locais. Por seu custo reduzido, o equipamento pode ser implementado em bairros periféricos, escolas, residências e espaços públicos, algo inviável com dispositivos comerciais.
Segundo os orientadores, a motivação partiu da urgência apresentada pelos profissionais de Zoonoses. “Os estudantes entenderam que, para enfrentar o Aedes, precisávamos de uma tecnologia útil, multiplicável e adaptada à realidade da população. O protótipo foi construído para ser uma ferramenta que qualquer comunidade possa adotar”, afirmam.
A iniciativa foi apresentada durante a etapa presencial da Olimpíada GLOBE Brasil, que reuniu delegações de 11 estados presencialmente e 19, virtualmente, em uma intensa imersão científica. Os estudantes participaram de expedições de campo, análises ambientais e atividades de investigação em ecossistemas potiguares. O projeto também esteve em destaque na 1ª Feira Nacional GLOBE, sediada na UERN, em Natal, onde foi avaliado por pesquisadores, professores e especialistas de diversas áreas.
Já na primeira semana de dezembro, o grupo recebeu premiações e reconhecimentos pelos resultados e pela relevância social da solução desenvolvida. O trabalho chamou a atenção por demonstrar como a ciência escolar pode responder a desafios reais do território e produzir tecnologias sociais de impacto imediato. “ Foi uma experiência maravilhosa fizemos coisas que nunca imaginei fazer e está sendo extraordinário. Vou guardar sempre na minha memória.” Relatou a estudante Maria Eduarda.
Para a coordenação nacional do Programa GLOBE, o projeto de Timon sintetiza o espírito da iniciativa. A professora Mariana Almeida (UFRN) ressalta:“Quando estudantes analisam dados oficiais, compreendem os riscos e constroem uma solução tecnológica para proteger sua própria cidade, mostram que a ciência cidadã pode salvar vidas. É inovação feita onde ela realmente importa.”Com criatividade, rigor técnico e forte senso de responsabilidade pública, os jovens de Timon mostram que a luta contra o Aedes aegypti pode, e deve, passar pela escola. E provam que a tecnologia social pode nascer justamente nos territórios que mais sofrem os impactos das arboviroses, gerando conhecimento, autonomia e proteção para toda a comunidade. "Estar no local e conhecer manguezais fazer as coletas entrar dentro lama e acabar se atolando também, significa não só ler mas poder tocar, poder sentir a Ciência
Viva, como ela é! " Concluiu a Professora Sandra Nascimento que vivenciou de perto todas as etapas dos dois eventos.


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